4 armadilhas do português que pegam até os redatores mais experientes
Por mais que línguas como o alemão, o russo e o grego tenham fama de estar entre as mais difíceis do mundo, o português também não é tão simples assim! Mesmo quem tem o idioma como língua materna vira e mexe dá uma escorregada, e quando o assunto é a escrita, até quem ganha a vida como redator web pode precisar de umas aulinhas. Afinal, quanto mais correto e de acordo com as normas padrões é o seu texto, mais credibilidade você ganha no mercado!
Que tal conhecer quatro armadilhas que você muito provavelmente está caindo e dar um upgrade na sua escrita em menos de dez minutos?
“Este” versus “Esse”
No dia a dia, na linguagem oral, quase não usamos o “este”, e talvez por isso muita gente acredite que ele seja mais formal e, como tal, deva ser empregado na escrita. A suposição é lógica, mas equivocada!
Os dois termos podem ser usados em textos escritos e formais, de acordo com o seguinte:
- “Este”, quando acompanhado de substantivo, se refere a algo que sucede a expressão, como neste exemplo: “Esta é a frase mais famosa de Hamlet: ‘ser ou não ser, eis a questão’”. (Reparou que, como o exemplo veio depois, usamos “neste” ali atrás?);
- enquanto “esse” se refere a algo que antecede a expressão, ou seja, que já foi dito anteriormente, como em: “Você já leu algum outro post do Escreva Para Web? Esse blog é muito bom!”.
Porém, quando o “este” está substituindo alguma coisa e, por isso, não vem acompanhado de substantivo, sua oposição é com “aquele”, e não “esse”. “Este” retoma, então, o que está mais próximo, e “aquilo” retoma o termo mais distante. Dá uma olhada nesse exemplo: “Shakespeare e Lewis Carroll são escritores britânicos. Este é o autor de ‘Alice no País das Maravilhas’ enquanto aquele escreveu ‘Romeu e Julieta’”. Sacou a diferença?
Uso incorreto do “que”
E já que estamos falando de confusões causadas pelo uso da língua na oralidade, não podemos deixar de mencionar o queridinho dos papos em português: o “que” como pronome relativo.
Se não há problema algum em falar “na hora que eu estiver saindo” em situações informais, na linguagem escrita, é preciso se lembrar de que “a hora” exige a preposição “em”. Se você pensou que o correto seria “na hora em que eu estiver saindo”, acertou!
Mas não é só o “em” que costuma sumir quando o “que” aparece. Quando está representando uma oração subordinada substantiva indireta (Ui! Calma, a gente traduz: precedida de preposição!) o “que” não pode ignorar a regência do verbo (ou seja, a regra que diz se ele precisa ou não de preposição e qual delas é necessária), já que isso pode resultar em algumas confusões.
É fácil. Sempre que estiver usando um verbo que precisa de preposição, ela vai ter que aparecer no “que” (ou “qual” ou “onde” ou “quem”, etc.):
- “O lugar para o qual ele vai” e não “o lugar que ele vai”, afinal, vamos sempre “para algum lugar”;
- “A menina de quem eu gosto” e não “a menina que eu gosto”;
- “O filme sobre o qual eu te falei” ou “do qual eu te falei” e não “o filme que eu te falei”, e assim por diante.
Regências complicadas
Agora que você já sabe que precisa se lembrar das preposições na hora de usar o “que”, tem que ficar ligado também nas preposições que acompanham cada verbo.
O problema aqui, mais uma vez, é que frequentemente o que usamos no boca a boca não é exatamente o que deve ser empregado em algo um pouquinho menos informal, e muitos verbos acabam saindo com a regência errada por causa disso.
Alguns dos mais problemáticos são:
“Influenciar”
O que você acha que é certo: “O que você come influencia na sua saúde” ou “o que você come influencia sua saúde”? Se chutou a segunda opção, é isso mesmo: o verbo influenciar, na verdade, é transitivo direto, por isso não precisa vir acompanhado de nenhuma preposição!
“Contribuir”
Nosso post contribui “para a melhoria da sua escrita”, ou “com a melhoria da sua escrita”? Esse erro é bem comum, já que o verbo “contribuir” pode vir com as duas preposições, dependendo da situação: “com” deve preceder o meio pelo qual a contribuição ocorre (dinheiro, dicas de português, doações filantrópicas, etc.), enquanto “para” precede o objeto da contribuição. Aqui, portanto, estamos contribuindo com dicas de português para a melhoria da sua escrita.
Existem muitos outros verbos (“focar”, por exemplo!) que podem causar confusão na hora da escrever um texto. O ideal é sempre dar uma pesquisada na web — a página de educação da UOL, por exemplo, é uma ótima fonte — ou num dicionário de regência para tirar a dúvida. São dois minutos que podem fazer toda a diferença nos seus artigos!
“Têm” e “vêm”
Você já viu “têm” e “vêm” escritos com acento circunflexo? Achou que era alguma grafia antiga? Pois estava enganado!
Existem muitos verbos cuja acentuação se altera na conjugação, e esses dois são os mais difíceis, já que a mudança só indica que estão sendo conjugados na terceira pessoa do plural, e não do singular (ou seja: “ele tem”, mas “eles têm”). Há também outros mais simples — como “enxaguar”, que só não leva acento no “xá” em “nós enxaguamos” e “vós enxaguais”! Mais uma vez, na dúvida, é só dar uma pesquisada!
E aí, você já conhecia todas essas regras malucas da nossa língua? Sabe de alguma outra que não foi mencionada aqui? Ficou com alguma dúvida sobre esse assunto um pouquinho cabeludo? Fale com a gente nos comentários e fique de olho também nos nossos outros posts sobre o assunto!